Os organismos vivos são adaptáveis e são capazes de desenvolver mecanismos de defesa contra inimigos para garantir a sua própria sobrevivência.
Como organismo vivo, as bactérias também podem adquirir mecanismos de defesa contra antibióticos. Isto significa que os antibióticos utilizados para tratar estas bactérias tornam-se ineficazes. À medida que as bactérias se reproduzem por divisão celular, estes novos mecanismos de defesa são transmitidos à geração seguinte e às gerações seguintes.
Algumas bactérias são até capazes de transmitir essas propriedades a outros tipos de bactérias, permitindo que várias estirpes de bactérias se tornem imunes. Atualmente, uma em cada três estirpes de bactérias são resistentes aos antibióticos convencionais. Essa imunidade aos antibióticos é chamada de resistência aos antibióticos.
As causas da resistência aos antibióticos
O uso excessivo e incorreto dos antibióticos são algumas das principais causas da resistência aos antibióticos. Assim como o uso desnecessário de antibióticos, por exemplo quando prescritos para infeções virais ou para evitar infeções secundárias. Os vírus não são organismos vivos, portanto não podem ser tratados com antibióticos.
Em vez de combater as bactérias através do uso medido e direcionado de antibióticos, estes têm sido prescritos em demasia há muitos anos; muitas vezes de forma incorreta e aleatória. Uma ambição excessiva de segurança resultou na prescrição desnecessária de antibióticos para justificar a prevenção de infeções secundárias.
No entanto, os pacientes também são culpados. Muitas vezes pressionam os médicos a prescreverem antibióticos mesmo que não seja claro que a infeção é de origem bacteriana e daí se justificar a terapêutica com antibióticos.
Mas os humanos não são os únicos a abusar dos antibióticos. A agricultura industrial também é responsável pelo uso excessivo em grande escala. O elevado número de animais em espaços confinados favorece a transmissão de infeções. Os antibióticos são frequentemente misturados na alimentação animal para evitar infeções em massa e consequentemente, um impacto financeiro negativo. O consumo subsequente destes animais também permite que bactérias resistentes de produtos à base de carne entrem no nosso orgasnismo.
Os patogénios hospitalares também são um problema significativo. São bactérias multirresistentes em hospitais que não podem ser tratadas com antibióticos. A bactéria multirresistente conhecida como MRSA (Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina) é motivo de particular preocupação. Como o sistema imunológico de muitos pacientes fica comprometido após a cirurgia, essas bactérias podem ser fatais.